Ladeado por Elizabeth Teixeira, Assis Lemos e Agassiz Almeida, governador inaugura Memorial das Ligas Camponesas.
Agassiz Almeida: “Existem na vida dos
povos momentos de criação soberana; as Ligas Camponesas foram um desses”. Elizabeth Teixeira: “João Pedro Teixeira, eu
continuarei a tua luta”.
Com a mobilização e apoio articulados por entidades, órgãos e centros de
defesa dos direitos humanos, como o grupo Tortura Nunca Mais, Movimento dos Sem
Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT,)
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Associação dos Anistiados
Políticos, foi celebrada a morte de João Pedro Teixeira, líder camponês
assassinado por sicários do latifúndio, em 2 de abril de 1982, na rodovia Café do Vento, Sapé.
Um
dos fundadores das Ligas Camponesas de Sapé, em 1958, juntamente com Biu
Pacatuba, João Alfredo, Pedro Fazendeiro e Ivan Figueiredo, João Pedro Teixeira
exercia na época a presidência desta entidade.
Extensa
Programação foi cumprida durante o dia 2 do corrente mês com a celebração da memória
do líder camponês morto: Às 10 horas, visita ao túmulo de João Pedro Teixeira
no cemitério conhecido por “Cemitério Velho” de Sapé. Em seguida, realizou-se caminhada
até a praça João Pessoa, onde ocorreu ato público, durante o qual
discursaram personagens históricos das
lutas camponesas, dentre os quais Elizabeth Teixeira, Agassiz Almeida, Assis
Lemos e João Pedro Stédile, presidente nacional do Movimento dos Sem Terra (MST).
Com
palavras carregadas de profunda emoção, Elizabeth Teixeira relatou o seu calvário
após a morte do seu esposo. Acentuou a líder camponesa: “Mesmo carregando o
peso dos meus quase 90 anos estarei sempre lutando pela reforma agrária no
Brasil, que ainda não foi realizada”.
Falou,
em seguida, o ex-deputado constituinte Agassiz Almeida, que rememorou as lutas dos
camponeses, destacando: “Há 50 anos, tiros do latifúndio abateram João Pedro
Teixeira; ele tombou no chão da história como um valente que não se curvou ante
forças poderosas”. João Pedro Stédile ao discursar acentuou: “O Movimento dos
Sem Terra (MST) teve como embrião as Ligas Camponesas e a história de luta de
homens como João Pedro Teixeira, Francisco Julião, Pedro Fazendeiro e tantos
outros companheiros”.
Da praça João Pessoa, carreata se dirigiu ao povoado de Barra de Antas,
em Sapé, para a casa onde morou João Pedro Teixeira. Às 16 horas, com a
presença do governador Ricardo Coutinho, o arcebispo Dom José Maria Pires,
deputados, secretários do governo e representantes de várias entidades de
classe e órgãos defensores dos direitos humanos, inaugurou-se o Memorial das
Ligas Camponesas, com as bênçãos cristãs de Dom José Maria Pires, seguindo-se o
corte simbólico da fita por parte do governador Ricardo Coutinho, Elizabeth
Teixeira e Agassiz Almeida.
Após
este ato cívico, o governador Ricardo Coutinho destacou a presença histórica destes
nomes das lutas camponesas no Nordeste, como os de Elizabeth Teixeira, Agassiz
Almeida, Assis Lemos e Francisco Julião, in
memoriam, representado pelo seu filho Anacleto Julião.
O
ex-deputado Assis Lemos assim se expressou: “Lá nos finais da década de 1950,
quando participamos da fundação das Ligas Camponesas, visamos implantar a
reforma agrária no país”.
Em
seguida, falou Agassiz Almeida: “50 anos nos separam daquele 2 de abril de
1962, e a partir de então um grito de indignação ecoou pelos tempos afora. Repito
como já me manifestei em várias partes do
país: a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888 veio da pena de uma princesa; 70 anos depois, a libertação dos camponeses,
após quatro séculos de opressão do latifúndio, foi conquistada, com sangue,
suor e mortes”.
Encerrando
a programação, o governador Ricardo Coutinho, visivelmente emocionado, destacou:
“Com este Memorial das Ligas Camponesas pretendemos resgatar a história das
lutas camponesas, e ao mesmo tempo, dizer ao povo paraibano que estamos bem próximo
dos trabalhadores rurais, a fim de trazer dias melhores e recuperar uma parte
das lutas agrárias deste país que não podem ser esquecidas. A maior dificuldade
para instalar este Memorial foi o ódio daqueles que implantaram a ditadura no
país, os quais além de matarem muita gente, quiseram apagar da memória do povo documentos
da época”.
Fonte: Assessoria do CRDHA
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