Um
documento firmado pelo autor do hino e a Prefeitura de Cabedelo garante a
Hermes Nascimento, um repasse financeiro durante 60 anos (1993/2053). A
prefeitura é devedora desde então.
A
família de Hermes Nascimento, autor do Hino Oficial de Cabedelo, se prepara
para ir a justiça cobrar os direitos autorais que, segundo seu filho caçula,
mesmo existindo um termo de cessão onde prever uma contrapartida financeira ao
autor, a mesma não é repassada desde 1993, quando foi firmado o ato que garante
o repasse pelo uso do hino, de 1993 à 2053.
Nascido
em 09/07/1927, na cidade de Cabedelo, Hermes Nascimento faleceu com 74 anos, em
13/10/2001, vítima de falência múltipla dos órgãos, provocada por complicações
renais que lhe rendeu uma forte anemia. Grande incentivador da cultura popular,
Hermes produziu e deixou uma excelente contribuição a cultura da cidade
portuária paraibana.
Foi o autor do Hino Oficial de Cabedelo, poeta,
cordelista, folclorista, romancista e ator. Publicou vários cordéis, com
destaque para: “Cacique Arinê sua vida e sua história”, “Meus Poemas na visita
pastoral” e Abraão o vingador".
Em
1952, foi o responsável por resgatar a Nau Catarineta que estava parada desde
1941. Mesmo doente, ainda ajudou Tadeu Patrício em um novo resgate da barca no
ano de 2000/2001, repassando seus conhecimentos e as melodias aos participantes
desta nova formação. “Mesmo com a saúde precária, dificultando até minhas
caminhadas, eu não vou medir esforços para levar em frente o trabalho da Nau
Catarineta, uma das manifestações mais ricas da nossa cultura popular.” Disse
Hermes em entrevista a um jornal local naquele momento.
Alem
da Nau, o folclorista foi responsável pela fundação de grupos de ciranda e
coco-de-roda em Cabedelo. Na ciranda pode ser classificado como um inovador.
“Pesquisei muito sobre a ciranda e criei uma nova coreografia, sem sair de sua
origem”. Dizia ele. Hermes levou o folclore nordestino e a barca cabedelense
para o Rio de Janeiro, onde morou durante 12 anos. Trabalhou como palhaço em um
circo. Fez algumas participações em novelas e no Sitio do Pica-pau Amarelo na
Rede Globo, onde também atuou.
De
próprio punho, deixou registrados dois manuscritos. Um deles, “Nau Catarineta
de Cabedelo 1910/1952” que, por iniciativa de Maria Ignez Novais Ayala, foi
publicado com recursos do FIC em 2004. O outro é uma autobiografia denominada
de “História de Vida” "Memória de um Folclorista e "nau Catarineta, Manuscrito por ele 1954 a 1999 e que a
família busca apoios para publicá-la.
Mesmo
com toda sua obra e contribuição as artes e a cultura do município de Cabedelo,
Hermes morreu pobre e amargando um enorme ostracismo. Sua obra, sua história,
seu legado e sua família, continuam esquecidos até o momento. Por iniciativa do
filho caçula, Eros Nascimento, a família se move para resgatar a sua memória,
sua historia, sua arte e seus direitos autorais, que mesmo garantidos no termo
de cessão, nunca foi repassados a sua viúva e filhos.
A
história do Hino Oficial de Cabedelo é a história da persistência do poeta que
lotou de 1974 a 1992 pelo reconhecimento de sua mais cara criação: o símbolo
sonoro oficial de Cabedelo. O hino foi criado atendendo a um pedido do então
prefeito Francisco Xavier Borges de Sousa, que procurou um poeta da cidade para
criar o hino oficial. Hermes produziu a letra “Ode à cidade de Cabedelo” que
foi musicada pelo então diretor da Central de Música da Paraíba, Maestro
Maurício M. Gurgel.
O
primeiro projeto de lei criando oficialmente o hino foi encaminhado a câmara
pelo prefeito Francisco Xavier, mas, foi bombardeado pela oposição sistemática
dos vereadores da época. O chefe do executivo chegou a gravar uma fita cassete
onde o hino era cantado pelo coral da Igreja Batista, acompanhado por uma banda
na sua primeira exibição pública, cerimônia de posse do prefeito Francisco
Figueiredo de Lima. O projeto permaneceu engavetado na câmara de 1974 à 1983.
Por
iniciativa do Vereador Benedito Ribeiro (Benedito Vaca Brava), o assunto volta
a ser discutido no final de 83. Uma nova propositora foi apresentada pelo edil
tentando instituir o hino criado por Hermes Nascimento e, mas uma vez, o
projeto ficou engavetado. O mesmo aconteceu com a iniciativa da então vereadora
Raimunda Landeslau Dornelas que apresentara em 20/04/1985, um requerimento
solicitando a instituição do hino oficial da cidade.
Argemiro Souto Maior,
presidente da casa, através da portaria 24/85 de 12/11/1985, resolve criar uma
comissão espacial, composta pelos vereadores Devid Diniz, Alberto Mágno e Edna
Nascimento, para apresentarem parecer sobre a instituição do hino em tramitação
naquela casa. O requerimento da vereadora não foi atendido e o assunto
permaneceu adormecido até 1990.
Em
16/11/1990, um novo projeto foi lido em plenário. Desta vez, por iniciativa do
vereador Manoel Ferreira da Silva que protocolou o PL 024/90, visando instituir
o hino. O mesmo foi aprovado em única discussão no dia 28/04/1992. O projeto
deu origem a Lei 657/92, sancionada pelo prefeito Sebastião Plácido de Almeida
e publicada no Diário Oficial do Estado em 28/05/1992. A letra do hino oficial
de Cabedelo, de autoria do saudoso Hermes Nascimento foi registrada no Livro
B-223 sob o número 68.589 em 29/03/1993, no Cartório Toscano de Brito.
Um
“Termo de Cessão de Direitos Autorais” foi lavrado e assinado pelo então
prefeito José Francisco Régis e o autor da obra, Hermes Nascimento, em 23 de
abril de 1993. Pelo instrumento de cessão (publicado a baixo) Hermes se
compromete em averbar sua obra em cartório e a ceder a prefeitura de Cabedelo,
por tempo indeterminado, seus direitos sobre ela, mediante o pagamento de Cr$
15.000.000,00 (quinze milhões de cruzeiros), em uma única vez, no máximo 10
dias após a assinatura do referido termo, bem como, remuneração por um período
de sessenta (60) anos, a contar de 23/04/1993 à 23/04/2053, como indenização
pela utilização do hino criado por Hermes.
Segundo
Hermes declarou em entrevista antes de falecer, Zé Régis ainda se comprometeu
em lhe construir uma casa para abrigar sua família. “Até o momento não recebi
nenhum tostão de meus direitos autorais, ficou só na palavra! Terminou o
mandato e ele não me deu nem a casa que prometeu para me abrigar com meus
familiares”. Cobrou Hermes se lembrando da promessa do prefeito, em entrevista
antes de falecer.
O
termo existe, a família está de posse do mesmo e vai procurar na justiça que a
prefeitura cumpra com o que ficou acordado, inclusive, repassando a viúva e
filhos, todo o atrasado. Hermes foi casado com Dona Lindalva do Nascimento com
quem teve treze filhos, dez deles ainda estão vivos e morando na cidade. Ela
conta que, no governo de Dr. Junior, foi contemplada com uma casinha, onde
reside com dois filhos, nora e netos. Um dos filhos que com ela habita, está
acometido de uma doença ainda não identificada e que está lhe tirando a visão e
audição.
Vivendo
de uma aposentadoria de um salário mínimo, dona Lindalva passa por
necessidades. A casa que lhe foi doada é fruto de um programa habitacional da
PMC e de tão pequena, não acomoda a contento, os parentes que moram com ela.
Confidencia que às vezes sente-se envergonhada ao receber visitas ilustres. As
fotos publicadas abaixo não deixam dúvidas de suas condições atuais e, não
reflete a grandeza do grande criador, incentivador e divulgador da cultura
local, que foi seu esposo, Hermes Nascimento.
A
cidade portuária e até o Estado da Paraíba, tem o dever de resgatar a história,
a memória e a obra de Hermes Nascimento, bem como, a dignidade e a auto-estima
de sua família. Eros Nascimento em parceria com outro membro da família Gilson
Mattos e, visando promover o resgate do legado deixado por seu pai, criou um
site na internet e procurou o Radialista e jornalista Aguinaldo Silva para
ajudá-los neste resgate.
Um
projeto de lei denominando de Rua Hermes Nascimento, uma artéria da cidade, vai
ser encaminhado na Câmara pelo vereador Jonas Pequeno. Uma audiência com o
secretário estadual de cultura, Chico Cezar, está sendo agendada por Aguinaldo
Silva, visando sensibilizar o gestor cultural do Estado para ajudar no resgate
e na publicação da autobiografia escrita por Hermes, de próprio punho e onde
conta toda sua trajetória como ativista cultural. E, a justiça será procurada
para restabelecer aquilo que ficou acordado no “Termo de Cessão de Direitos
Autorais” firmado por Hermes e a Prefeitura de Cabedelo para uso do Hino
Oficial, por ele composto.
“Chorei
ao receber o e-mail de Elos Nascimento e Gilson Mattos, me pedindo ajuda para o
resgate do legado de Hermes. Minha resposta foi imediata. Quero sim contribuir.
Eu trabalhei seis anos no mandato popular do então deputado Ricardo Coutinho,
onde tive o prazer de conhecer Chico Cezar. Sabedor de sua sensibilidade e de
seu compromisso cultural, eu tenho a certeza de que contarei com ele, não só
para ajudar a família, quem sabe, com um show beneficente de lançamento de seu
novo trabalho na fortaleza, como também, no resgate a memória de Hermes
Nascimento e na publicação de sua autobiografia”. Afirma Aguinaldo Silva.
Faço
minhas as palavras de João Eduardo Cardoso Lourenço, quando prefaciou a
autobiografia que nunca foi publicada, a pedido de Hermes. “Hermes é então um personagem
interessantíssimo de sua própria obra, nesse nosso país desmemoriado, de
cavalos criados a alfafa e mel, cujos tratadores passam fome, da exploração do
trabalho e tantas outras mazelas aparentemente incuráveis, por mais que os anos
passem”. Disse João Eduardo em seu prefácio. Sem comentários.
Clique
Aqui para acessar o site criado por Eros Nascimento e Gilson Mattos,
respectivamente, filho e esposo da neta do poeta, folclorista, cordelista, ator
e autor do Hino Oficial de Cabedelo. Voce também pode contribuir! Não fique
parado!!!
Texto: Aguinaldo
Silva
Foto e
documentação: Acervo familiar.
Veja o e-mail de
Eros para Aguinaldo Silva, a reposta do jornalista a Eros e várias fotos e
documentos do acervo familiar.
INTEGRA DOS
E-MAILs:
Caro Agnaldo
Silva,
Boa Noite!!
Neste meu blog,
tento resgatar a cultura de Cabedelo deixada de lado pela atual Prefeitura e
vamos mostrar a história de um grande cabedelense o Sr. Hermes do Nascimento,
autor oficial do hino de Cabedelo e restaurador da Nau Catarineta de
Cabedelo-PB que a prefeitura deixou de lado.
Tenho em mão
toda sua história e feitorias para personalidades, prefeitura e amigos. Tenho
também em mão documentos de um acordo de direitos autoriais do hino de Cabedelo
com a Prefeitura que não são pagas desde 1993.
Gostaria também
se for possível falar sobre o que o Sr Hermes fez para cidade, pois a maior
causa é cobrar da Prefeitura o reconhecimento deste patrimônio da cidade, com
um nome de rua, nome de uma escola ou um centro cultural com o nome deste
grande poeta.
E mencionar o
blog http://opoetadecabedelo.blogspot.com.br/ e a colaboração do filho caçula
do Sr. Hermes, que se chama Eros do Nascimento, conhecido popularmente como
Tita, que está lutando em busca de reconhecimento do seu falecido pai.
Tenho muitas
outras situação para discutir com você, se for de seu interesse por favor,
entre em contato via e-mail ou telefone.
Link do Blogger:
http://opoetadecabedelo.blogspot.com.br/
Tel: 083
88910285.
Obrigado pela
atenção,
Gilson de Mattos / Eros do Nascimento.
RESPOSTA DE
AGUINALDO SILVA
Caro Gilson e
Eros Nascimento,
Primeiramente,
parabéns pelo blog e pelo resgate da história deste grande nome da cultura
cabedelense que, como voce mesmo identifica, foi esquecido pelo poder publico.
Hermes Nascimento merece sim todas as homenagens feitas por esta cidade. Foi um
dos primeiros a divulgar, lá fora, o nome de nossa querida Cabedelo. Cheguei
aqui em 1988 para trabalhar de cobrador na Roger e me instalei no Renascer,
ajudei a fundar o KORPALMART (grupo de teatro que fazia a paixão de cristo
naquela comunidade) e fundei o MCR Movimento Cultural Renascer. Gostaria muito
de contribuir com suas pretensões e podem contar comigo. Vou publicar na
próxima segunda feira uma matéria sobre o Hermes e o que voce está fazendo.
Mande-me mais informações, fotos, tudo o que voce poder para que eu possa fazer
uma ótima matéria. Quero saber data de sua morte, seus feitos, sei que ele
trabalhou na Globo, se tiver foto me mande. e conte comigo no que voce achar
que possa eu fazer. Vamos juntos Falar com Chico Cezar para que ele conheça a
história de Hermes e possa, junto conosco, promover esse resgate a sua memória
e ajudar sua família. Tenho certeza que ele contribuirá.
Meus contatos:
Aguinaldo Silva 8640-5013 9992-9653 twitter @naldomcr Face
www.facebook/naldomcr
Contem comigo.
Sou ativista
cultural, autor de literatura de cordel, ator, compositor e amante da cultura
popular. Essa tarefa é para mim, questão de honra. Quero e desde já me
comprometo em ser mais um nessa luta. Vamos em frente.
Aguinaldo Silva.
VEJA ABAIXO FOTOS, MATERIAS PUBLICADAS EM
JORNAIS E OUTROS DOCUMENTOS DO ACERVO FAMILIAR DE HERMES NASCIMENTO.
|
Declaração da Câmara da tramitação do Projeto do Hino |
|
Portaria de Argemiro S. Maior criando a Comissão |
|
Projeto de Lei que criou o Hino |
|
Letra do Hino anexada ao projeto |
|
Diário Oficial onde a Lei e o hino foram publicados |
|
Letra oficial registrada em Cartório pelo autor |
|
1ª pagina do termo assinado pelo prefeito e o autor |
|
2ª pagina do termo assinado pelo prefeito e o autor |
|
3ª pagina do termo assinado pelo prefeito e o autor |
|
Artigo 1º do termo onde se ler a contrapartida devida a família |
|
Capa de um dos cordéis de autoria de Hermes |
|
Viuva de Hermes e o Filho deficiente visual |
|
Casa doada a família na gestão de Dr. Júnior |
|
Como vive hoje a família |
|
Recortes de Jornais |
|
Capa de um de seus cordéis |
|
Sala de visitas de Dona Lindalva |
|
Dormitório da viuva de Hermes hoje |
|
A cozinha de Dona Lindalva |
|
Eros Nascimento - Filho caçula de Hermes |
|
Com muita dificuldades a família tenta ampliar a casinha |
|
Dona Lindalva se emociona em entrevista a Aguinaldo Silva |
|
Tivemos que parar a entrevista para conter sua emoção |
|
Prefacio de João Eduardo Cardoso |
|
Contra capa de seu livro publicado pelo FIC em 2004 |
|
Hermes Nascimento |
|
Tadeu Patrício e Hermes Nascimento |
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