Depois de anos sendo interrompida, JP realiza 1ª Marcha da Maconha neste sábado
A
Marcha da Maconha de João Pessoa vai acontecer neste sábado (26) às 16h, com
concentração na Praça João Pessoa, Centro da Capital.
Esta
é a primeira edição que realmente acontece em João Pessoa, Amanda Oliveira, uma
das coordenadoras da Marcha explicou que nos anos anteriores sempre houve algum
tipo de impedimento. “Desta vez estamos amparados pelo Supremo Tribunal Federal
(STF). Em 2008, não andou nem cinco metros e foi interrompido e em 2009 foi
proibido pelo estado. Este ano não recebemos nenhuma notificação, até porque o
STF liberou as marchas da maconha em todo o Brasil”, conta.
A concentração vai começar às 14h na Praça
João Pessoa. Deste local, a Marcha da Maconha vai sair às 16h20min, percorrendo
a Rua da República, até a Maciel Pinheiro, terminando com uma manifestação político/cultural
pela descriminalização da maconha na praça Anthenor Navarro.
A
Marcha da Maconha está garantida por decisão do Supremo Tribunal Federal na
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 187 e pela Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 4274. A Suprema Corte decidiu, por unanimidade, nas
duas ações, que a Marcha da Maconha está amparada pelo inciso XVI do artigo 5º
da Constituição Federal, que exige o prévio aviso, como estamos cumprindo
através do presente ofício.
Os
organizadores alertam a todos os participantes que a decisão da Corte não
permite o consumo, porte, compra e venda de maconha, nem de qualquer outra
substância proibida, na Marcha da Maconha.De acordo com a coordenação do
evento, estarão presentes na marcha, Sérgio Vidal, escritor do livro Cannabis
Medicinal, além do advogado da marcha. Serão feitas intervenções durante o
evento.
A
marcha é apoiada pelo Coletivo mundo, por professores e estudantes
universitários além do vice-presidente do Movimento do Espírito Lilás (MEL) e
candidato a prefeito de João Pessoa, Rennan Palmeira. O encerramento vai
acontecer na praça Antenor Navarro. Amanda comentou que a panfletagem já vem
sendo feita desde o começo do mês.
Confira a
programação:
14h:
Oficina de máscaras e cartazes
15h30:
exibição do filme: Cortina de Fumaça
17h20:
mesa redonda: A programação pré-marcha vai acontecer no Espaço Mundo e a
entrada é franca. A organização do evento divulgou uma carta aberta à sociedade
paraibana, confira na íntegra:
CARTA ABERTA À
SOCIEDADE PARAIBANA
”Quem
não se movimenta, não sente as correntes que o prendem.” (Rosa Luxemburgo). Droga
não é um caso de polícia, mas sim um caso de saúde. A Lei nº 11.343/06 que
trata do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) é
considerada um avanço por suavizar a pena para quem usa drogas. Mas, o usuário
ainda é sujeito a agressões físicas e morais quando são encontrados consumindo
ou portando drogas ilícitas, podendo inclusive ser detidos. O caso é mais
agravante quando se trata de jovens da periferia que mesmo portando pouca
quantidade de drogas são enquadrados como traficantes. O Poder Público e a
sociedade ainda não se deram conta que criminalizando os usuários perde-se a oportunidade
de recuperá-los.
Financeiramente
o Estado gasta MUITO mais na guerra às drogas do que gastaria com a saúde na
rede CAPS, os Consultórios de Rua e Casas de Acolhimento, que apresentam
resultados mais eficazes na recuperação dos dependentes químicos por utilizarem
a Política de Redução de Danos.
Todos
nós sabemos que os verdadeiros beneficiários do crime organizado não são os
famosos ‘aviões’, esses morrem pelo crime. Os que detem o lucro arrecadado
através do tráfico de drogas moram em mansões e passam despercebidos pela
sociedade. São verdadeiros covardes, pois colocam armas nas mãos de
adolescentes, levando o mal para a favela, vinculando a pobreza à violência.
Ser pobre não é sinônimo de ser bandido!
A
maconha é uma planta que desde 2.700 a.C. é utilizada para fins medicinais e
recreativos. Seus benefícios medicinais são reconhecidos e usufruídos em
diversos países no combate ao glaucoma, depressão, ansiedade, náuseas, etc. Ela
não causa dependência química, pode apenas causar dependência psicológica. Ela
não é a porta de entrada para drogas pesadas, mas sua ilegalidade facilita o
acesso a outras drogas.
A
descriminalização do plantio e da venda reduziria consideravelmente a população
carcerária nacional, reduzindo custos para o Estado. Além disso, a concorrência
da produção e distribuição legalizada traria prejuízos irreversíveis à estrutura
do crime e dos corruptos, que hoje monopolizam o mercado da maconha.
A
produção para uso recreacional geraria alguns milhares de empregos formais,
especialmente no Semiárido Brasileiro, terreno fértil para a cultura da
Cannabis. Produtos à base da fibra da planta poderiam ser utilizados na
produção de tecido e papel. A Marcha da Maconha NÃO é um movimento de apologia
ou incentivo ao uso de qualquer droga, inclusive da Cannabis. Apenas
acreditamos que essa simples mudança de Lei é a alternativa mais plausível em
busca da diminuição da violência nas periferias. Queremos criar contextos
sociais, políticos e culturais onde todos os cidadãos brasileiros possam se
manifestar de forma livre e democrática a respeito das políticas e leis sobre
drogas, respeitando a cidadania e os Direitos Humanos.
COLETIVO MARCHA
DA MACONHA JOÃO PESSOA
Email:
joaopessoa@marchadamaconha.org
Fonte:
Paraiba.com.br
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