Sargento da Polícia Militar da Paraíba rebate acusação de Trocolli Júnior a Luiz Couto
Continua
repercutindo a declaração do deputado estadual Trocolli Júnior (PMDB), que
acusou o deputado federal Luiz Couto (PT) de se preocupar quando um preso leva
uma pisa no presídio e não se sensibilizar com a necessidade de helicópteros
para combater a violência na Paraíba.
Desta
vez a reação partiu do ceio militar. O 1º sargento da Polícia Militar da
Paraíba, Astronadc Pereira de Moraes (sargento Pereira), encaminhou nota à
redação do Parlamentopb, onde a matéria foi publicada, rebatendo a acusação de
Trocolli Júnior sobre Luiz Couto.
Confira na
íntegra:
O
deputado estadual Trocolli Júnior (PMDB) cometeu uma enorme injustiça, quando
no dia 21 de fevereiro do corrente ano veio a público para criticar o deputado
federal Luiz Couto (PT).
A
declaração do peemedebista foi dada no Parlamentopb. Na ocasião, disse que
“Luiz Couto tem acesso direto a Dilma Rousseff, mas ele se preocupa mais quando
um preso leva uma pisa no presídio. Isso faz com que o deputado vá à tribuna da
Câmara para protestar. Que o estado precisa de pelo menos dois helicópteros
para combater a violência, e que Luiz Couto não tem se sensibilizado com isso”.
Conheço
o amigo, padre e deputado Luiz Couto a mais de 15 anos. Tive a grata
oportunidade de estar com ele em inúmeras atividades. Luiz Couto não é um
deputado de pirotecnia ou de injustiças. Sempre foi coerente com suas palavras
e ações e nunca fez “corpo mole” na sua trajetória política. Por várias vezes
presenciei a luta de Couto por uma polícia cidadã e em defesa dos bons
policiais; na luta pela educação, saúde, trabalho, na defesa dos direitos
humanos e do bem-estar do povo paraibano.
Não
posso deixar de dizer que durante o movimento reivindicatório da PM paraibana,
em 1997, Luiz Couto foi à praça e discursou a favor dos policiais. Recentemente
apoiou às reivindicações salariais da Polícia Federal.
Em
inúmeros discursos na tribuna e fora dela, o deputado Luiz Couto lembrou
alertou o governo da necessidade de se reconhecer o trabalho dos policiais
garantindo-lhes salários dignos e equipamentos.
Presenciei
a luta do parlamentar no combate efetiva ao narcotráfico na Paraíba. Na
oportunidade cheguei, inclusive, a acompanhar diversas diligências e
atividades.
Faz
vinte anos que estou na Polícia Militar da Paraíba e posso afirmar, com
franqueza, que o verdadeiro combate à violência começa pela a educação.
Partindo
deste pressuposto, asseguro que as diversas pesquisas apontam que o combate a
violência só terá êxito se houver um conjunto de ações envolvidas, tais como:
educação de qualidade com acesso para todas as camadas da sociedade; políticas
públicas na rede social; políticas públicas de segurança garantidora de
direitos; vontade política; recursos orçamentários significativos; gestão
compartilhada; combate efetivo ao crime organizado; reformas estruturantes nas
polícias; programas de prevenção sobre determinadas áreas geográficas; habitat
de qualidade e organicidade urbanística; programa de orientação “comunitária”;
programas de prevenção “vitimaria”; políticas de bem-estar social; programas de
prevenção da criminalidade dirigidos à “reflexão axiológica”; revisão de
atitudes, valores e pautas sociais de comportamentos; construção da cultura de
paz social; boa governança e efetiva governabilidade.
Convém
salientar que o aparelhamento para a Segurança Pública da Paraíba necessita de
recursos orçamentários expressivos, sim isto é verdade.
Como
também é verdade que no dia 27 de dezembro de 2012 o deputado federal Luiz
Couto anunciou, na reunião da bancada paraibana no Congresso Nacional, que está
destinaria R$ 100 milhões ao Orçamento Geral da União (OGU-2013) para apoiar a
estruturação, o reaparelhamento e a modernização organizacional e tecnológica
da Secretaria da Segurança e da Defesa Social da Paraíba.
Essa
emenda vai viabilizar a implantação de um Centro Integrado de Comando e
Controle em João Pessoa, a aquisição de equipamentos tecnológicos, armamentos e
munições letais e não letais e viaturas especiais para as forças policiais,
além de mobiliários e materiais voltados para atividade operacional da
Secretaria de Segurança Pública da Paraíba. Estes fatos o deputado Trocolli
Junior se esqueceu de mencionar.
Quando
cita que “Luiz Couto se preocupa mais quando um preso leva uma pisa no
presídio”, Trocolli esquece que o Brasil adotou uma postura de ressocialização,
ou seja, o preso não pode viver num ‘aparthaide social’.
A
política governamental e jurídica brasileira não adota a tortura como forma de
punição. Muito pelo contrario, tortura é crime tipificado em lei brasileira:
I
– Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou
confissão da vítima ou de terceira pessoa para provocar ação ou omissão de
natureza criminosa em razão de discriminação racial ou religiosa.
II
- submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo:“Lei n° 9.455 de 07 de
abril de 1997 Pena - reclusão, de dois a oito anos”.
Portanto
é crime a tortura. Sendo um ato ilegal, imoral e danoso à sociedade e ao Estado
Democrático de Direito.
Por
que criticar a postura de Luiz Couto se este parlamentar luta pelos Direitos
Humanos e pelo efetivo cumprimento da lei?
Como
policial militar posso dizer aos amigos leitores que Luiz Couto sempre combateu
a violência institucional, sempre foi contra a tortura e sempre defendeu os
Direitos Humanos. Direitos Humanos de todos.
Luiz
Couto sempre defendeu o direito à vida, à boa educação escolar e familiar,
direito à alimentação digna, à água, à agricultura, à renda familiar, ao
emprego, à moradia, à liberdade, à ecologia, ao livre exercício da cidadania, à
ressocialização, mas do que isso, direito à huminização.
Quero
lembrar ao dileto deputado Trocolli Júnior que além da legislação brasileira há
outras em nível global, tais como a declaração Universal dos Direitos Humanos
que diz em seu artigo 5°: “Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”.
A
nossa carta magna diz em seu artigo 5°, III - ninguém será submetido à tortura
nem a tratamento desumano ou degradante.
Convém
salientar que aqui na Paraíba foi montado o comitê contra tortura e que tem
justamente buscado combater a tortura em todos seus aspectos.
Vivemos
um Brasil republicano, num estado democrático de direito numa construção de uma
sociedade pautada na cultura da paz. É legitima a postura e a voz do deputado
Luiz Couto na tribuna do Congresso Nacional. É função constitucional do
parlamentar: acompanhar, fiscalizar e denunciar irregularidades.
Desta
forma, como seria aquela tribuna sem um homem como Luiz Couto? Quem teria a
coragem de denunciar o crime organizado, a violência, a insegurança, a
corrupção, a lavagem de dinheiro, enfim, as irregularidades?
A
Paraíba tem inúmeros temas importantes e urgentes na Segurança Pública, é
verdade. Por isso, faz-se necessário e urgente que os deputados estaduais
fiscalizem e viabilizem temas de valor significativo para a segurança a exemplo
da aprovação e efetivação da lei da corregedoria de polícia; lei da ouvidoria
de polícia; lei de inteligência policial, que cria a agência de inteligência no
estado; bem como a aprovação de recursos especiais para o financiamento do
aparelhamento da polícia.
Trocolli
Junior fala em combate a violência. Devo lembrar que o combate a violência deve
ser iniciado pelo fato dos nossos cidadãos terem direitos básicos a viver com
dignidade, com efetiva condição de existir num mundo cada vez mais competitivo
e seleto. E principalmente ter acesso a estas condições de vida digna.
Helicóptero não enche barriga de ninguém, nem dos policiais, que sofre com os
salários defasados. Salário digno para os policiais é uma luta justa.
Assim,
ao invés de criticar a pessoa de Luiz Couto, Trocolli poderia começar
engajando-se na luta por estes direitos dos policiais.
O
próprio deputado Troculli Junior poderia combater a violência se estiver atento
às questões de Segurança Pública da nossa Paraíba, entro os quais: Criação e
viabilização do plano Estadual de Segurança Pública; efetivação do Conselho
Estadual de Segurança Pública; combate efetivo contra ações do crime organizado
na Paraíba e suas fronteiras; apoio à reformulação das policiais na Paraíba e
no Brasil; efetiva fiscalização na educação básica do nosso estado;
comprometimento no esforço pela educação familiar; apoio e envolvimento na luta
pela capacitação profissional de jovens e adultos em risco social; compromisso
político com a cidadania de jovens em estado de drocção e ações efetivas para o
tratamento mental e comportamental de jovens infratores.
Concluo
dizendo que é inegável a postura de Luiz Couto no combate à violência, às
injustiças e à corrupção. A quem e a quantos é útil esse estado de criticas e
por quê?
ASTRONADC
PEREIRA DE MORAES
1°
sargento da Polícia Militar da Paraíba, Psicólogo, especialista em Criminologia
e Psicologia Criminal. Instrutor de varias disciplina em Segurança Pública.
Instrutor de polícia, entre elas criminologia e psicologia criminal, estudioso
sobre Violência e Segurança Pública. Instrutor do Sistema Prisional da PB.
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