3ª capital mais antiga do Brasil, João Pessoa completou 427 anos
Cidade
que nasceu para proteger portugueses que moravam ao Sul de índios. Dia 5 de
agosto foi o primeiro passo, mas não a fundação, diz escritor.
Neste
domingo, dia 5 de agosto, são comemorados os 427 anos da cidade de João Pessoa.
Forjada às margens do Rio Sanhauá, por conta do relevo que permitia uma melhor
defesa de possíveis ataques inimigos, nasceu para impedir avanços de hordas de
guerreiros indígenas aos portugueses instalados ao Sul, conforme afirma o
escritor Wellington Aguiar, autor de sete livros que abordam a história da
capital paraibana, dentre eles “Uma cidade de Quatro Séculos”, em parceria com
o historiador José Octávio de Arruda Melo, e “Descrição Geral da Capitania da
Paraíba”, em parceria com o também historiador Marcus Odilon. Wellington Aguiar
escreveu sete livros que contam a história da cidade de João Pessoa ao longo de
seus anos.
Uma
cidade que nasceu para ser cidade. Assim como a coroa portuguesa tinha feito
poucos anos antes com Salvador e com o Rio de Janeiro. Não por acaso possui o
título de terceira capital mais antiga do Brasil, justamente atrás das capitais
baiana e fluminense. Antes de ser João Pessoa, foi chamada por diversos nomes.
Filipeia, Filipeia de Nossa Senhora das Neves, Frederica ou Frederikstad e
Parahyba foram alguns deles. Um lugar que antes de ser cidade foi terra dos
guerreiros povos tabajara e potiguara, conforme Aguiar.
Para
Wellington Aguiar, quando se conta a história de João Pessoa é preciso passar
por três momentos marcantes de seus mais de 400 anos. A paz selada entre
portugueses e indígenas em 1585, a ocupação holandesa em 1635, que durou 20
anos, e a morte do então presidente da Paraíba, João Pessoa, em 1930.
“Os
índios potiguaras e tabajaras viviam em guerra. Cerca de 4 mil tabajaras e
pouco mais de 10 mil potiguaras. Até então não havia relações amistosas com os
portugueses. Somente quando o cacique tabajara Piragibe mandou dois guerreiros
em expedição falar com Martim Leitão, ouvidor do Brasil em Pernambuco, foi que
começou a se esboçar uma paz. Selada justamente no dia 5 de agosto de 1585, que
não foi propriamente o dia da fundação da cidade, mas o primeiro passo para sua
formação”, comentou.
Diferentemente
do que foi convencionado, o escritor afirma que a data verdadeira da fundação
de João Pessoa foi o dia 4 de novembro de 1585. “Em 5 de agosto de 1585, os
portugueses não tinham vindo para fundar a cidade, apenas para selar a paz com
o povo tabajara. Tanto é que se tratava de uma expedição pequena comandada por
João Tavares. Não trouxeram engenheiros, cavoqueiros, muito menos pedreiros.
Era uma expedição de paz”, afirma Aguiar. A cidade só seria fundada após a
vinda de Martim Leitão, que só chegou em solo paraibano no final de outubro,
dando início à cidade apenas no início de novembro de 1585.
Escritos
de um padre jesuíta anônimo, que segundo Aguiar só permaneceu desconhecido pois
na época a Igreja Católica não permitia que assinassem publicações, relata a
vinda do ouvidor até a Paraíba e o início da cidade no dia 4 de novembro. A paz
parcialmente selada com a fundação da cidade duraria 50 anos, pois em 1635, os
portugueses perderiam o espaço para o holandeses, que ficaram com o domínio de
João Pessoa por cerca de 20 anos.
Uma
tropa portuguesa comandada por Vidal de Negreiros, um dos grandes heróis da
Paraíba, segundo o historiador, foi responsável por devolver o domínio de João
Pessoa à coroa portuguesa.
Ocupação holandesa
e a morte de João Pessoa
Após
a expulsão dos holandeses, passaram-se mais de 200 anos até chegar ao último
fato marcante de sua história, a morte de João Pessoa, conforme Wellington.
Segundo o escritor, o fato de transformar a cidade de Parahyba em João Pessoa,
não foi uma determinação política, mas uma manifestação da população. “Diversas
passeatas e manifestações foram feitas pela população pedindo a mudança do
nome. Inclusive o primeiro movimento realizado pelas mulheres paraibanas, as
alunas da Escola Normal”, comentou.
Admirador
da política do então presidente do estado, como era chamado o cargo de
governador em meados de 30, Wellington Aguiar, também autor do livro “João
Pessoa - O Reformador” onde transcreve as cartas escritas por João Dantas antes
do assassinato do presidente da Paraíba, explicou que João Pessoa remodelou a
política oligárquica que dominava o estado.
A Avenida
Epitácio Pessoa, segundo Aguiar,foi um dos avanços pensados pelo presidente do
estado
João Pessoa. “Nomeou novas
pessoas livre das oligarquias em todas as esferas. Inclusive, indo de encontro
com o que seu tio Epitácio Pessoa, oligárquico, e seus demais familiares
pregavam na época”, ressaltou. Fato que, segundo Aguiar, levou à sua morte.
“João Dantas matou João Pessoa não foi por conta de mulher, mas pelas
sucessivas decisões de João Pessoa que afetavam os rumos comerciais da família
de Dantas. Antes do crime, ocorrido na Confeitaria Glória, na capital
pernambucana Recife, houve muitas trocas de farpas entre os dois por meio de
jornais da Paraíba e de Pernambuco”, revela.
De
acordo com Aguiar, poucos meses depois da morte de seu presidente, a Paraíba
passava a chamar sua capital de João Pessoa. “João Pessoa morreu em julho de
1930, em setembro do mesmo ano seu nome foi dado à capital do estado”,
completou o escritor.
Chamada
por vários nomes ao longo dos anos. Nascida para ser cidade e formada para
proteger, João Pessoa chega aos seus 427 anos, completos cronologicamente
somente em 4 novembro e simbolicamente em 5 de agosto, como uma cidade que,
mais que história, possui relatos de conquistas, avanços e vitórias.
G1 paraiba
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