As invisíveis crianças de rua da Avenida Mar Vermelho em Intermares no olhar e na crítica de Suylla Sampaio
Suylla
Sampaio, 31 anos é do tipo que acredita nas pessoas e que elas podem fazer
melhor, inclusive mudando suas atitudes. Uma cidadã que sabe que não se pode
julgar as pessoas por uma conduta ou um momento de sua vida. Acredita que todas
as pessoas nasceram com um propósito, com habilidades e que não existe ninguém
sem dons...
Passando
diariamente pela Avenida Mar Vermelho em Intermares (logradouro onde estão
instalados: os supermercados, farmácias e a padaria pandine), Suylla Sampaio
pode no âmbito de sua percepção, enxergar as crianças pedintes daquela rua e no
pulsar de sua sapiência crítica, escrever em um de seus perfis nas redes
sociais, o artigo que transcrevemos abaixo na íntegra.
“Há tempos que
venho observando as crianças que praticamente moram na Rua Mar Vermelho, que
ficam acampadas na farmácia Pague Menos, ou em frente aos supermercados,
pedindo a cada um de nós que usufruímos dos serviços desses estabelecimentos,
um troco, um lanche... Nossa atitude, geralmente é olhar, ficar com dó e
depois, virar o pescoço para outro lado como se nada de muito triste tivéssemos
visto. Como se fosse apenas um fato corriqueiro, uma realidade que não podemos
mudar.
Mas, o fato é
que essas crianças estão ali. Amanhã elas serão adultas e provavelmente também
serão parte da nossa comunidade. O que hoje nos destrói o coração (crianças
abandonadas, ociosas, sem acompanhamento ou qualquer orientação), poderão ser,
caso não seja feito nada, adultos sem qualquer perspectiva, que encontrarão outros
caminhos, dos quais, não são os que queremos assistir em nossa comunidade.
Buracos nas ruas
podem ser tapados, avenidas asfaltadas, prédios construídos e reformados, mas
ninguém poderá voltar o tempo e dar de volta a uma criança sua infância perdida.
Sei que crianças
abandonadas e moradoras de rua tem em todos os lugares, mas o que vimos na Mar
Vermelho, são crianças que vivem ali há dois ou três anos. E fiquei me
perguntando, quem são aquelas crianças? onde moram?
Já vi que eles não dormem
ali. Então eles voltam para algum lugar todos os dias. Quais escolas elas estão
matriculadas? Sim, porque, hoje em dia qualquer família de baixa renda tem
bolsa família, que tem como requisito ter as crianças na escola. E depois
penso, caso elas estejam matriculadas, cadê os professores dessas escolas, que
deveriam fazer a chamada e comunicar ao Conselho Tutelar as faltas freqüentes e
o abandono desses alunos? Cadê o Conselho Tutelar? Ministério Público? Estado?
E caso exista família envolvida com essas crianças, porque ainda estão com a
guarda delas, já que elas são abandonadas?
Escrevi tudo
isso porque não consegui virar o pescoço, novamente e pensar em outras
coisas... Hoje não consegui. Moramos em um bairro pequeno, aqueles pequenos,
não são muitos. Talvez, algo seja feito e eles retornem para as ruas. Mas, pode
ser que algo seja feito e ao menos uma delas consiga sair das ruas. Isso, já
faz toda diferença.”
Suylla Sampaio.
Edção: Aguinaldo
Silva
Foto:
Internet/Aguinaldo Silva
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