O Ministério
Público Federal (MPF) entrou na Justiça para exigir a recuperação da Igreja de
Nossa Senhora de Nazaré, conhecida por 'Ruínas do Almagre', na Praia de Ponta
de Campina, município de Cabedelo, na Grande João Pessoa, e permitir o acesso
ao público e a praia. A ação civil pública com pedido de liminar é contra o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a União,
empresas particulares e o dono do terreno porque a propriedade é particular.
A igreja foi
construída pelos jesuítas no início do século 16. No local, foi fundada uma
colônia para catequizar indígenas. Setenta anos atrás, todo o terreno, de
responsabilidade do município, foi vendido para diversas pessoas, tornando-se
propriedades particulares. Em uma das partes ficou a Igreja de Nossa Senhora de
Nazaré, que em 1937 foi tombada pelo Iphan como 'Ruínas do Almagre'.
Cinco séculos depois, por falta de manutenção, as 'Ruínas do Almagre' estão
encobertas pela vegetação. O que era um espaço religioso, hoje restam apenas
algumas paredes que ainda resistem ao tempo e à natureza. Na ação, o procurador
federal Duciran Farena responsabiliza o Iphan por não ter tomado providência
para proteger o bem, como a aplicação de multas aos proprietários do terreno
por ter deixado o patrimônio histórico deteriorar-se.
O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional contesta a afirmação do Ministério
Público Federal. Segundo o diretor técnico Umbelino Peregrino, o órgão realizou
uma ação de recuperação das 'Ruínas' entre 1999 a 2002. O objetivo era garantir
a estabilidade das estruturas antigas do patrimônio histórico.
Ele disse que outra decisão só poderá ser tomada se os donos do local doarem a
parte onde fica o Almagre para que o instituto use os recursos federais para
recuperar a área. “Os proprietários do terreno podem até fazer alguma
reestruturação, mas terá que ter permissão e orientação do Iphan”, afirmou.
Por outro lado,
o dono do terreno, Waldir dos Santos Lima, comentou que a manutenção e
reestruturação da Igreja ou Ruínas na Praia de Ponta de Campina é de
responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional e da União. Ele contou que o imóvel pertence à família da esposa há
mais de 70 anos.
“Antigamente nossa família (minha e da minha esposa) mandava limpar o terreno e
até fazer uma restauração. No entanto, todos os cuidados é do Patrimônio e não
dos donos do terreno”, afirmou.
Ainda segundo
Lima, o Patrimônio pode realizar qualquer ação para melhorar o espaço.
“Não estamos impedindo nada. Se reformar, até participo das missas”, comentou o
aposentado e proprietário do terreno onde fica as Ruínas.
Para o
procurador, a ação visa permitir o acesso da população à igreja. Esse espaço
está cercado pelos muros e cercas dos imóveis. “O isolamento a que o bem foi
confinado, de um prédio íntegro, que na década de 30, ostentava paredes, tetos
etc, fosse convertido nas ruínas que se encontram hoje”, explicou Farena.
Fonte: Jornal da Paraíba
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