Moradores das periferias e Parlamentares negros querem criar mais um partido político o PFFB - Frente Favela Brasil
Pular
intermediários e eleger diretamente parlamentares negros e moradores das
periferias é o objetivo do partido Frente Favela Brasil, que foi registrado no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O partido pretende angariar votos entre os mais de
11,42 milhões de habitantes das favelas brasileiras. “Todos fazem política para
marginalizado, mas não tem nenhum partido de marginalizado. Queremos falar por
nós mesmos”, diz Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa),
idealizador do projeto empresarial Favela Holding e um dos incentivadores do
projeto.
Athayde explica que o novo partido não quer
simplesmente substituir ou desmerecer iniciativas afro ou periféricas em
partidos já existentes, como o DEM, o PSDB, o PMDB e o PCdoB, mas propor algo
novo.
Segundo Athayde, a Frente recebeu diversos convites
para se integrar a um partido já existente, e não criar um novo, mas não
aceitou, por entender que “a questão central agora não é lutar por direitos, o
que os movimentos já fazem, é lutar por poder. Por que poder não pode?”,
indaga.
“Nos espaços de poder, são as pessoas que já fazem
parte da alta burocracia que falam pelos negros, que falam pela periferia”, diz
Wanderson Maia, jovem de 28 anos, um dos presidentes do novo partido. Para
Wanderson, chegou o momento de ocupar diretamente esses espaços.
“É nesse lugar que a gente quer lidar”, afirma.
Também homossexual, Maia diz que, apesar de ser
inegável a preponderância de problemas relacionados à comunidade negra quando
se fala em periferia, o partido se preocupa em não ser excludente, seja do
ponto de vista étnico-racial, seja do ideológico.
“Entre esquerda e direita, preto ou branco,
permanecemos favela, comunidade, permanecemos periferia.”
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“Quando a favela é olhada, é olhada no lugar de
pessoas que não são potentes – estamos olhando com outro olhar, de que somos
pessoas extremamente potentes e criativas”, completa Patrícia Alencar, que
também ocupa a presidência da nova legenda. Patrícia explica que, em cada cargo
de direção, o partido pretende ter sempre um homem e uma mulher.
Criação -
A Frente Favela Brasil foi criada há um ano, em evento na Providência, primeira
favela do Brasil, no Rio de Janeiro, e após um trabalho de formalização
burocrática e construção de bases obteve registro no TSE nesta quarta-feira.
O partido se junta agora a mais 56 agremiações que
tentam obter 489 mil assinaturas de apoio, número necessário para que uma nova
legenda possa concorrer a eleições.
A outra condicionante, existência de diretórios em
todos os 26 estados e no Distrito Federal, já foi alcançado pela Frente Favela
Brasil.
Segundo Celso Athayde, não deve ser difícil para o
partido conseguir as assinaturas necessárias para entrar na disputa para o
próximo ciclo eleitoral, que começa em 2018.
“Só de pontos voluntários para coleta de
assinaturas, formados por pessoas que nos procuraram voluntariamente para abrir
suas casas e comércios para isso, temos 300 mil, em todos os estados”, informa
Athayde.
Nomes referência na comunidade periférica, como os
rappers MV Bill e Happin Hood, estiveram presentes no ato de registro do
partido no TSE, mas não quiseram comentar a possibilidade de se candidatar a
algum cargo nas próximas eleições.
Da Redação
com assessoria
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